Redação: Abuso sexual infantil
O “sono da razão”
“A criança não é um
adulto inacabado, ela possui seu valor nela mesma. Em certo sentido, que é o
mais importante, cada idade se basta a si mesma”. Através desta frase de
Jean-Jacques Rousseau, importante pensador do Iluminismo, pode-se inferir que a
criança, desde a época medieval, era vista como um pequeno adulto que precisava
adaptar-se ao que era desenvolvido para maiores de idade, sem que seus direitos,
conhecidos atualmente, fossem respeitados. A Violência Sexual era considerada
normal nesse período e a infância era pouco protegida.
Atualmente, observa-se
que o cuidado aumentou devido a criação de Leis e políticas públicas, como, no
Brasil, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que garante os direitos
dos menores de idade. Entretanto, os casos de abuso sexual infantil ainda são
significativos. Segundo dados de denúncias colhidas pelo Disque 100, canal para
relatar casos de violação de direitos humanos, o Brasil somou pelo menos 175
mil casos de exploração sexual de crianças e adolescentes entre 2012 e 2016, o
que representa quatro casos por hora. Porém, este número pode ser maior do que
se imagina, já que muitas denúncias não são realizadas, principalmente porque
na maioria das vezes o agressor faz parte da família, ou o menor não tem uma
estrutura familiar adequada que lhe proteja e eduque segundo os princípios
éticos estabelecidos pelo senso comum.
Em consequência disso, a
criança ou adolescente, assim como foi na Idade Média, sofre com os efeitos
físicos, psicológicos e sociais deste tipo de violência. Transtornos de
ansiedade, depressão, dificuldades interpessoais, raiva, são alguns dos
sintomas de jovens vítimas de abuso sexual, que tem mais dificuldades durante o
desenvolvimento adulto. De acordo com dados da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), ocorrem no Brasil, por ano, cerca de 100 mil casos de abuso e
exploração sexual de crianças e adolescentes. Mas menos de 20% desses casos
chegam ao conhecimento das pessoas encarregadas de tomar providências. A falta
de investimentos no amparo às crianças e adolescentes vítimas de tal transgressão,
é um dos principais obstáculos para combater este crime.
Diante do exposto, faz-se
necessário que o governo juntamente com o MPF (Ministério Público Federal)
criem políticas públicas de prevenção e apoio às vítimas de violência sexual
infantil, por meio do aprimoramento dos canais de denúncia e diagnósticos de
abuso, campanhas direcionadas aos responsáveis em relação aos sintomas da
criança ou adolescente abusados, facilidade de acesso a um tratamento adequado,
aperfeiçoamento na fiscalização do cumprimento das leis, além da disseminação
da ideia de que qualquer omissão de denúncia é crime e deve ser punido, dessa
forma será esclarecido à população sobre a importância da denúncia, garantindo
maior assistências às jovens vítimas como forma de proteger a infância e
assegurar os direitos estabelecidos no ECA.
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